A Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados (Seade), vinculada à Secretaria de Governo de São Paulo, revela que o Produto Interno Bruto (PIB) do estado atingiu, em 2019, R$ 2,38 trilhões, resultado 2,5% superior ao registrado em 2018. Enquanto a agropecuária teve queda de 1,3% e a indústria registrou alta de 1%, o setor terciário (de serviços) cresceu 3,3%. O turismo, atividade do setor que mais cresce, tem sido nos últimos anos uma tendência positiva para a economia dos municípios paulistas, que vivenciam várias medidas de combate à Covid-19.
Entrevistado pelo ADVB News, o secretário de Turismo do Estado de São Paulo, Vinícius Lummertz, revela quais são os dois indicadores socioeconômicos que dimensionam melhor a importância da Economia do Turismo; avalia os resultados das ações empreendidas pela pasta no combate ao Coronavírus junto às estâncias e aos municípios de interesse turístico e, ainda, como ajuda a desenhar, em conjunto Aprecesp, Amitesp e as autoridades de Saúde, protocolos e os melhores momentos para a retomada de atividades e dos investimentos.
Confira também, na sequência, mais duas entrevistas exclusiva, concedidas pelos presidentes da Aprecesp – Associação das Prefeituras das Cidades Estância do Estado de São Paulo, Leandro Pilha, prefeito de Santa Rita do Passo Quatro, e da Amitesp – Associação dos Prefeitos dos Municípios de Interesse Turístico do Estado de São Paulo, Daniela de Cássia, prefeita de Monteiro Lobato. Ambas as entidades são parceiras da ADVB e do Skal SP no apoio ao Prêmio Top Destinos Turísticos.
Vinícius Lummertz, secretário de Turismo do Estado de São Paulo.
- Quais são os indicadores socioeconômicos que, na sua avaliação, melhor dimensionam a importância da Economia do Turismo para o Estado de São Paulo?
São Paulo tem todos os indicadores clássicos muito bem delimitados e entendidos. Penso que a demonstração da contribuição do turismo para o PIB do Estado seja o mais emblemático, com uma variação de 8,5% a 10% a depender da metodologia adotada. Particularmente gosto do acompanhamento mensal que fazemos da geração de empregos. É a materialização das políticas públicas para o setor. Em 2019, por exemplo, foram quase 50 mil empregos criados pelo turismo de São Paulo. Entendo que este seja um objetivo a ser buscado por todos: gerar emprego e renda.
- Como o senhor avalia os resultados apresentados pelas Estâncias e MITs a partir dos dados informados nos relatórios do Centro de Inteligência da Economia do Turismo?
Mostram dois cenários distintos e previsíveis. Primeiro, a compreensão da necessidade das providências quanto à limitação da circulação de pessoas e, portanto, da disseminação do coronavírus. A maioria das Estâncias e uma boa parte de MITs adotaram providências quanto ao fechamento de atrativos, de meios de hospedagem, do acesso por meio de ônibus de excursão e, no limite, até no controle e orientação das pessoas de outras cidades que chagaram em veículos de passeio. A adesão ao isolamento social também foi importante e duas das cidades que conseguiram apresentar os melhores resultados são estâncias: São Sebastião e Ubatuba, ambas no nosso litoral norte.
O segundo cenário, também natural, foi a preocupação com a retomada das atividades. Nós fizemos diversas reuniões virtuais com prefeitos e secretários e praticamente todos, respeitando as determinações do Governo do Estado e até liderando alguns tipos de mutirões de cunho social, também apresentaram essa preocupação quanto a um horizonte de retomada. Isso se deve também pela aproximação das férias de meio de ano e pela coincidência de, até o momento, termos tido dois feriados prolongados que, como todos sabem, ativam a economia dos nossos destinos turísticos.
- Além das pesquisas, qual é cronograma das outras ações que compõem o amplo projeto de apoio aos destinos turísticos paulistas (campanhas de conscientização, orientações ao crédito turístico e divulgação de boas práticas de enfrentamento da crise gerada pela Covid-19)?
Desde o início da pandemia o trabalho da Secretaria poderia ser dividido em dois grandes grupos: tentar fazer frente e ter uma resposta adequada à velocidade de redução de atividade da economia do turismo e, em segundo, imprimir a mesma agilidade na retomada de atividades e dos investimentos.
O nosso Programa de Crédito Turístico, por exemplo, de 17 de março, quando ainda estávamos iniciando o isolamento, até a virada da segunda quinzena de abril registrou mais de 1700 cadastros, sendo 97% deles para capital de giro, chegando perto de meio milhão de reais em solicitações. Foi o primeiro a ser lançado no Brasil em socorro às empresas de todos os tamanhos.
Já na frente pública, felizmente conseguimos honrar todas as obras que estavam em andamento nas Estâncias e MITs. Em abril, por exemplo, liberamos quase R$ 5 milhões.
O contato constante com prefeitos e secretários também foi importante para medir a temperatura nos municípios e identificar ações e iniciativas positivas que pudessem ser replicadas. Chegamos a fazer uma reunião virtual com mais de cem prefeitos e 80 secretários de todas as regiões do Estado. Essa troca, essa atenção, esse ouvir é parte importante e fundamental em um momento em que os executivos municipais estão diante de um desafio inédito.
- O que motivou o Governo do Estado de São Paulo reconhecer os serviços hoteleiros como essenciais? Com o agravamento da contaminação dos profissionais de saúde, os hotéis podem vir a ser uma opção?
Os hotéis, por sua estrutura e tipo de serviço que prestam, são efetivamente essenciais. Notem que a pandemia atingiu o mundo todo sem aviso prévio. No máximo conseguimos olhar para o que estava acontecendo na China, depois na Itália, demais europeus, Estados Unidos e chegou ao Brasil. Daí que simplesmente fechar os hotéis, imediatamente poderia fazer com que milhares de pessoas, em trânsito, simplesmente não tivessem como se abrigar, o que poderia agravar a situação social. Ainda, é importante considerar as peculiaridades locais, daí a correta decisão de não impedir que os municípios adotassem as regras de restrição, como muitos fizeram, de acordo com a realidade de cada um.
A hospedagem de equipe médicas é uma opção, que analisamos cuidadosamente desde o início da pandemia. Naturalmente que nossa função foi fornecer os subsídios, a inteligência, para que a Secretaria da Saúde, que deve liderar uma decisão desse tipo, tivesse segurança caso considerasse essa medida como necessária.
- O Monitoramento de buscas no Google Trends: Turismo e eventos em São Paulo, divulgado no último dia 20 de abril, indicou que houve um aumento de 110% no termo relacionado “feiras e eventos em SP 2020” e de 50% “eventos culturais em SP”, o que sugere o interesse no calendário de eventos ainda para este ano. Quais protocolos devem ser implementados para o setor?
Em 22 de abril o Governador João Doria apresentou o Plano São Paulo visando a retomada gradual de algumas atividades, a depender de diversos fatores, todos vinculados à preservação de vidas. No mesmo dia foi sinalizado, tanto por ele quanto por outros secretários, que o comércio, o turismo e as atividades culturais e de economia criativa foram as mais atingidas. É preciso muito cuidado, contudo, com as interpretações que podem levar a erros. É natural que São Paulo seja demandado por eventos no segundo semestre. O primeiro praticamente já foi e, agora, os organizadores estão buscando um ajuste de calendário. O mesmo vale para eventos culturais: olhando para a capital, nenhum outro destino nacional tem tanta oferta. Os maiores shows, as maiores feiras comerciais, os mais variados espetáculos, as principais exposições, acontecem em São Paulo. Não tenho dúvida de que todas voltarão, não de forma rápida como desejado, mas da forma segura como o Governo do Estado vem fazendo até o momento com todas as suas decisões. A Secretaria de Turismo está ajudando a desenhar, junto com as entidades representativas e as autoridades de Saúde, as melhores formas – o desenho de protocolos – e os momentos adequados para cada movimento.
- Quais informações relativas à retomada já estão previstas no Plano São Paulo para o Turismo e podem ser antecipadas?
Corretamente, a estratégia do Governo no Plano São Paulo está utilizando a capilaridade e a expertise de cada Secretaria, de cada órgão, para a interlocução com os setores economicamente organizados. O Plano São Paulo tem o capítulo “Estratégia para o diálogo com setores produtivos” justamente para organizar esta frente de trabalho. Na quinta-feira, dia 23, nós reunimos todas as lideranças do turismo paulista e, em parte, nacional, com um objetivo claro: a retomada da atividade econômica de forma segura com a coordenação de diversos setores que foram seriamente afetados pela crise. Para, tanto, precisamos, juntos, construir uma estratégia de diálogo visando engajar a todos para o alinhamento de protocolos de retomada. Importante: não há experimentação, não há preferências. Há o desenho de um plano mais seguro possível para, aí sim, a volta das atividades. Ou seja, no dia seguinte ao anúncio do Governador João Doria nós já estávamos em campo, mobilizando os segmentos para a construção da melhor e mais segura forma de retomada.
- Quais medidas de contenção à pandemia vigoram em seu município?
Daniela (MIT) – Seguindo as orientações do Estado de São Paulo, nós suspendemos as aulas nas escolas, reduzimos os horários de funcionamento do comércio local, bem como priorizamos o funcionamento apenas dos serviços de extrema necessidade. Também suspendemos os serviços turísticos e fechamos os espaços públicos temporariamente. Uma ação importante foi a contratação de seguranças para garantir a interdição de vias públicas e o impedimento de aglomerações sem necessidades. Entretanto, a conscientização da população e dos turistas é a nossa principal ferramenta para garantir que o covid-19 não chegue em nosso município, que não possui estrutura de saúde para casos de alta complexidade.
Leandro (Estância) – A primeira medida foi tomada em nossa cidade no dia 19 de março, quando editamos o Decreto nº 2.908, publicado no Diário Oficial Eletrônico do Município, quando adotamos as primeiras medidas de segurança sanitária e recomendações ao setor privado. Paralisamos gradualmente as aulas na rede municipal e suspendemos todos os eventos públicos, promovidos pela Prefeitura Municipal. Em seguida, após reunião com representantes do comércio local, decretamos estado de calamidade pública no município, determinando medidas restritivas de funcionamento de estabelecimentos comerciais no município. As medidas foram definidas em reunião com a Associação Comercial de Empresarial (ACE), médicos, representantes da Santa Casa e Polícia Militar. O Decreto nº 2.909, foi publicado no Diário Oficial Eletrônico do Município, no dia 21 de março. Já nos dias seguintes buscamos parcerias com empresários da cidade, com o objetivo de arrecadar recursos para investir na Santa Casa de Misericórdia, onde está sendo implantado um “gripário”, uma ala exclusiva para atendimento de pessoas com sintomas suspeitos de Covid-19. Nesta ala, estão disponibilizados 22 leitos, sendo cinco deles equipados com respiradores e monitores cardíacos e os outros 17 para isolamento.
- Como tem orientado seus associados para enfrentamento da Covid-19?
Daniela (MIT) – É uma situação nova para todos os municípios paulistas, principalmente em um momento que o turismo está em grande evidência. A recomendação da AMITESP é que as cidades sigam, primeiramente, as medidas propostas pelo Governo do Estado de São Paulo, que está fazendo um importante trabalho na proteção do covid-19. Já tivemos exemplos em inúmeras partes do planeta em que o modelo governamental interferiu drasticamente e negativamente na propagação do vírus. Respeitar o isolamento social e a suspenção das atividades turísticas são as melhores ações a se fazer neste momento. O Estado de São Paulo é uma referência positiva no combate ao vírus.
Leandro (Estância) – Estamos seguindo as orientações do Governo do Estado, através das medidas tomadas pelas Secretarias de Saúde e de Turismo, ainda recomendando o isolamento, mas também divulgando nosso Estado e suas belezas naturais, através da campanha “Não cancele, adie”.
- Qual o papel do governo do estado na condução, ainda em curso, desse processo?
Daniela (MIT) – O papel do Governo do Estado de São Paulo é essencial para o enfrentamento da crise. Da mesma forma, contaremos com ele para superar o cenário pós-pandemia. Temos que acreditar e nos unir para que possamos voltar a normalidade.
Leandro (Estância) – Desde que foram confirmados os primeiros casos do novo coronavírus no Estado de São Paulo, o Governo do Estado tem liderado as ações combate à pandemia, trazendo segurança e respostas aos paulistas, e fornecendo dados e parâmetros para que os Municípios, por meio de seus gestores, adotem as suas medidas preventivas e de combate ao novo coronavírus, respeitando as peculiaridades locais de cada região.
- Superado o ápice da pandemia, como planeja retomar a demanda turística?
Daniela (MIT) – Será necessária a união de esforços do Poder Público, empresários e comunidade. Se reinventar em tempos de crise também é uma oportunidade de crescer e descobrir novas perspectivas de trabalho e futuro. Todos nós já estamos pensando e trabalhando visando o cenário pós-pandemia. Com certeza iremos vencer e sair mais fortalecidos do que nunca.
Leandro (Estância) – Temos diversas obras em andamento para fomento do nosso turismo. A maioria com recursos do Dadetur. Estão em fase de conclusão a reforma do nosso Ginásio Municipal de Esportes, totalmente recuperados para receber competições esportivas de porte. Também estamos revitalizando o Morro do Itatiaia, onde temos uma estátua do Cristo Redentor, o local também abriga uma rampa de voo livre e vai receber um restaurante e lanchonete. Também estamos construindo um novo portal em uma das entradas da cidade, complementando os outros dois já existentes. Além dessas obras com recursos Dadetur, outras estão sendo realizadas com outras fontes. Um antigo prédio no centro da cidade, onde funcionou a delegacia e cadeia local, foi totalmente restaurado e irá abrigar um centro cultural e museu. Também temos uma antiga estação de trem, tombada como patrimônio cultural pelo Condephaat, está sendo restaurado e certamente será mais um belo cartão postal da nossa Estância. Com essas obras, aliadas aos novos eventos anuais, como Festival Italiano e Festival Zequinha de Abreu, com certeza, iremos avançar ainda mais no turismo. Também seguimos as orientações do nosso secretário de Turismo, Vinícius Lummertz, que tem grande conhecimento na área e está promovendo significativos avanços em todo Estado neste importante setor. São Paulo nunca cresceu tanto no turismo como nesta gestão.
- Qual a importância da conquista do Prêmio Top Destinos Turísticos 2019 para a economia dos Municípios Turísticos?
Daniela (MIT) – A conquista do Prêmio Top Destinos Turístico 2019 foi muito importante para a economia dos Municípios de Interesse Turístico, pois trata-se de um respeitável trabalho de reconhecimento e incentivo para todos que trabalham nesta área. Isso nos mostra que estamos no caminho certo, além de motivar outros destinos turísticos a realizarem um trabalho sério e comprometido com o turismo e o desenvolvimento econômico.
Leandro (Estância) – Creio que a visibilidade que conquistamos, através da indicação no Prêmio Top Destinos, um dos mais importantes do país no setor, tenha colocado Santa Rita do Passa Quatro definitivamente no mapa do turismo do Estado de São Paulo e do Brasil. Trata-se de um reconhecimento!
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