A política, que seria a eleição de Renan Calheiros para a presidência do Senado, parece que poderá ser evitada. Pelo menos é o que se espera no momento em que escrevo estas linhas, sábado de manhã, quando está se desenrolando a sessão que foi adiada de sexta feira, depois de uma baixaria em plenário protagonizada pela senadora Katia Abreu. Prevalecendo o voto aberto, vitorioso por 50 a 2 na sessão de sexta, creio que estaremos salvos. Muitos dos senadores que às escondidas e por baixo do pano teriam sucumbido às manobras “persuasivas” do notório político alagoano e se comprometido com ele, terão medo de votar em Renan para não afrontar a opinião públ ica. Afinal, Renan representa tudo que há de podre na velha política, sujeira esta que os eleitores votaram para varrer do nosso cenário.
Quanto a Brumadinho, não há muito a acrescentar ao que já se sabe. A não ser destilar com redobrada veemência a nossa revolta e indignação. A medida em que ficamos sabendo de mais detalhes e vemos as cenas dramáticas na televisão, aumenta exponencialmente o nosso horror. Parece a erupção do Vesúvio, que arrasou Pompéia. No Brasil não temos vulcões nem tsunamis, mas temos a Vale!
Como é que uma coisa dessas pode acontecer apenas 3 anos depois do desmoronamento da barragem de Mariana?
Onde esteve a Vale este tempo todo que não tomou nenhuma medida de precaução para evitar desastres semelhantes? Contabilizando os lucros e se lixando para os danos que a sua omissão poderia causar? Construindo uma sede administrativa e um refeitório lá embaixo entre as montanhas, justamente no caminho direto de uma eventual avalanche e montando uma sirene que não tocou por ter sido mal localizada? Isso não é incrível? Isso não é crime?
Onde estavam as autoridades, provavelmente corruptas, que deram autorização para que este tipo de barragem a montante, um sistema arcaico e extremamente perigoso, fosse construída?
Onde estávamos nós, a sociedade, que baixamos a guarda e não ficamos permanentemente mobilizados e vigilantes, com a ajuda da imprensa, para pressionar suficientemente todos os envolvidos, da iniciativa privada e do poder público, para evitar que calamidades como essa se repetissem?
Porta arrombada, tranca de ferro.
Agora, diante do clamor popular, vêm a empresa a as autoridades anunciar medidas corretivas de urgência. Tarde demais, nos casos de Mariana e Brumadinho, mas certamente necessárias para evitar que novas tragédias aconteçam.
Antes disso, há que se fazer justiça.
Não sou advogado, mas estou convencido de que todos os responsáveis deveriam ser processados por homicídio doloso por dolo eventual. E que deveriam pagar atrás das grades pelos crimes que cometeram.
Aí nos assalta outra frustração. Será que estes bandidos serão mesmo condenados?
No caso da boate Kiss, em Santa Maria, no Rio Grande do Sul, onde há quatro anos morreram 242 pessoas e 636 ficaram feridas, ninguém foi preso até hoje.
No caso da Samarco, os processos se arrastam há mais de três anos.
O que será que vai acontecer agora?
O presidente do Supremo Tribunal Federal, para muitos o templo da impunidade notadamente pela demora em decidir, e a Procuradora Geral da República anunciaram a criação de um “observatório” para acompanhar o desenrolar dos acontecimentos. Na verdade, usando da autoridade que os cargos lhes conferem, deveriam ter criado um mutirão, um “fast track”, para que a justiça seja feita, antes que seja tarde demais…
É o que todos nós esperamos, em nome da centena de mortos, feridos e de todos os que, direta ou indiretamente, foram abatidos pela enxurrada de lama.
E em nome da nossa consciência coletiva.
Obrigado,
Faveco
Flavio Corrêa (Faveco)
blog.: www.faveco.com.br