O mercado dos consumidores 50+ é pouco mapeado. Em que pesem os esforços do Instituto Observatório da Longevidade, que foca sua existência em construir inteligência sobre este segmento de mercado, o volume de informações disponíveis é bastante limitado.
Nossos profissionais enfrentam cotidianamente o desafio de gerar informações sobre o cliente maduro. Nem sempre é possível conduzir pesquisas de campo. Em alguns casos, os clientes não dispõem de budget suficiente para o levantamento de dados primários. A alternativa é a estruturação de conhecimento a partir de dados secundários.
Há 20 anos que todo consultor tem o Google como seu melhor amigo. Isso até a chegada do chatGPT. Ou da inteligência artificial, como um todo.
No uso rotineiro, o chatGPT é pouco mais do que um mecanismo de busca sofisticado. Ao invés dele te elencar um monte de sites onde buscar a informação desejada, ele próprio vai nos sites, captura aquilo que você procura, tira a média das opiniões de todo mundo que escreveu sobre aquele assunto e te traz o resultado na forma de um relatório curto. É muito prático, além de ser uma mão na roda (e um tanto impreciso, para ser sincero).
Computadores sempre foram usados para responder questões que atormentavam a humanidade. Quem não se lembra daquele famosíssimo conto de Isaac Asimov, “a última pergunta”? No conto, uma pergunta muito difícil foi sendo feita recorrentemente aos computadores ao longo do tempo sem que uma resposta fosse encontrada. Até que o último computador remanescente após o desaparecimento da humanidade a encontra (eu não vou lhe dar a resposta. Tiraria toda a graça do conto. Procura na internet. É fácil de achar).
Então fizemos ao chatGPT nossa pergunta sem resposta: “porque as empresas não lançam produtos para o consumidor 50+?”
E lá veio a inteligência artificial com uma resposta que espelha bem a média das opiniões do mundo corporativo a respeito:
- Estigma da Idade: em algumas culturas, existe um estigma associado à idade, que afeta a forma como os produtos são comercializados. Algumas empresas acreditam erroneamente que os consumidores mais maduros não estão interessados em produtos modernos ou na última moda.
- Falta de Compreensão: algumas empresas não compreendem completamente as preferências e necessidades específicas do segmento de consumidores mais maduros. Isso resulta em estratégias de marketing e desenvolvimento de produtos que não atendem adequadamente a esse grupo demográfico.
- Crença em Estereótipos: estereótipos relacionados à idade influenciam as percepções das empresas sobre o que os consumidores mais maduros desejam. Por exemplo, a crença de que os consumidores mais velhos preferem apenas produtos práticos e simples limita o desenvolvimento de produtos mais inovadores e modernos para esse público.
- Foco na Juventude: em muitos setores, há uma ênfase constante na juventude e na cultura jovem. Isso leva algumas empresas a concentrarem seus esforços de marketing em consumidores mais jovens, deixando de lado oportunidades valiosas no mercado maduro.
- Medo de Riscos: algumas empresas temem que o lançamento de produtos direcionados a consumidores mais maduros seja arriscado, especialmente se não compreenderem totalmente as preferências e comportamentos desse grupo.
Assim, a inteligência artificial nos dá um belo resumo do que acontece na vida real porque a nossa experiência com o mundo corporativo, aqui no Observatório, é precisamente essa.
Nos últimos 2 anos estamos engajados em um esforço feroz para letrar o mundo corporativo sobre o mercado prateado. Há 42 anos que eu trabalho em top management consulting, em especial estratégias corporativas. Todo planejamento estratégico começa com uma sólida visão de mercado, atual e futuro. Nesses anos todos, nunca vi nenhuma empresa ignorar segmentos de mercado importantes. Ela pode até optar por não atuar em um determinado nicho. Mas sabe que ele existe.
No caso dos mercados prateados, as empresas parecem querer desperdiçar o potencial de consumo de 57 milhões de pessoas. Um conjunto de clientes que aumenta em 3 pessoas por minuto, só por evolução demográfica. Um conjunto de clientes cuja renda aumenta consistentemente porque vai se aposentando e o dinheiro pinga na conta todo santo mês, ao contrário do que acontece com a massa de pessoas empregadas ou autônomas, cuja renda varia de acordo com os humores da economia.
Fábio Nogueira é CEO do Instituto Observatório da Longevidade, Palestrante, Mentor e Conselheiro.
contato@observatoriodalongevidade.com.br
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