Edição digital do Fórum de Temas Nacionais ADVB (FTN), realizada dia 1º de Outubro, abordou o tema ‘A Nova Realidade Demográfica no Brasil e o Bem-Estar da Longevidade durante a Pandemia’. Instituído pela ONU, em 1991, o Dia Internacional do Idoso contribuiu para tornar o evento ainda mais significativo. Ao caráter vivencial dos expositores, somou-se a bagagem de conhecimento técnico e conceitual de cada um.
O presidente da ADVB-SP, Aristides de La Plata Cury, agradeceu o apoio da Conecta Fórum Eventos, dos patrocinadores Hotel Terras Altas; Grupo R1; Gorilla Comunicação; MAG Seguros; Allplats; Promafeiras. E anunciou a programação da Live, com moderação de Latif Abrão Jr. – presidente do Conselho Consultivo da ADVB.
Palestra coube a Nilton Molina – administrador de empresas, presidente do Instituto de Longevidade Mongeral Aegon e do Conselho de Administração da MAG Seguros. Contou com os painelistas Fabio Nogueira – economista, fundador e presidente do Observatório da Longevidade; e Wesley Mendes da Silva – docente da EAESP FGV.
Sinopse – palestra de Nilton Molina
“Quando a ADVB nasceu, há 64 anos, eu já tinha 20. Sou empresário do setor de seguros e esta atividade tem tudo a ver com o tema da longevidade humana”, contextualizou Nilton Molina. Fala da importância do SUS no enfrentamento da pandemia; comenta pesquisa feita pelo Instituto de Longevidade Mongeral Aegon e observou que “os velhos enfrentaram (e enfrentam) muito bem a situação”.
Sobre o envelhecimento progressivo da população brasileira, em contraposição à redução do número de jovens, numa projeção de 2020 a 2050, salienta que as questões de saúde exigirão atenção crescente. Do ponto de vista econômico, coloca em questão o equilíbrio Intergeracional, que se altera com a baixa taxa de natalidade e consequente redução da população produtiva.
Também discorre sobre o preconceito em relação aos idosos. “Eu tenho 84 anos e trabalho. Não raro, ouço das pessoas que estou bem. No entanto, nas entrelinhas, querem dizer que o normal, para a minha idade, seria estar mal”, diz com certa ironia. Acrescenta que o Instituto de Longevidade Mongeral Aegon leva em conta a maneira como a sociedade enxerga os velhos e, também, como cada idoso se enxerga.
Sobre a audiência do portal do Instituo, calcula que, em 2020, chegará a mais 12 milhões de visitas. “Produzimos conteúdos relevantes, daí a boa audiência”, comenta. Fala do projeto RETA (Regime de Trabalho do Aposentado), desenvolvido junto com a USP; e do IDL (Índice de Desenvolvimento Urbano para a Longevidade), desenvolvido pela FGV e que foi abordado na exposição do Prof. Wesley Mendes.
Finaliza a palestra se dirigindo, em especial, aos mais jovens: “Pode ser que vocês estejam pouco preocupados com a saúde dos velhos, com a renda dos velhos, com o preconceito em relação a eles… Vocês também chegarão lá. Comecem a se preocupar com isso”.
Prof. Wesley Mendes
Inicia sua exposição com agradecimentos ao Instituto de Longevidade Mongeral Aegon e pontua que “longevidade é o percurso entre o nascimento e os nossos últimos dias”. Por meio de alguns slides, apresenta a motivação do IDL: estrutura; e algumas consequências do IDL.
Entre as nossas preocupações, no relacionamento com as famílias, estão a tomada de decisão sob ignorância; a informação efetiva; educação; escolha informada; governança; cidadania exercida; e longevidade. “Buscamos oferecer, às pessoas, caminhos para melhorar sua condição de vida e, consequentemente, a sua longevidade”.
Apresenta o mapa das mil cidades brasileiras impactadas pela atuação do IDL e mostra a relação de valores que são medidos pelo IDL: cuidados com a saúde; bem-estar; finanças; habitação; educação e trabalho; cultura e engajamento; e indicadores gerais. Em um dos slides, mostra o exemplo de uma cidade, sob o crivo das métricas do IDL. “As informações sistematizadas pelo IDL servem de orientação para os investimentos públicos. Procuramos evoluir da instância de dados para a de informações”, explica.
Sobre as consequências do Instituto, enumera: oferecimento de informação tratada e estruturada para o cidadão; visão menos fragmentada da qualidade de vida nas cidades; promoção de mobilização da sociedade em torno do tema da longevidade; viabilização de metodologia para treinamento de gestores públicos; interlocução com governos em diferentes esferas e empresas; outros impactos que o Instituto da Longevidade deve ter condições de apontar.
Economista Fábio Nogueira
“Quero fazer dois comentários qualitativos sobre os conteúdos expostos por Nilton Molina e Prof. Wesley. O primeiro deles é sobre o comportamento das pessoas mais velhas. As pesquisas indicam que a solidão é um receio relevante entre os mais velhos, especialmente aqueles que moram sozinhos. Ao mesmo tempo, eles não querem ser dependentes dos filhos. Acham que isso será um fardo que vai atrapalhar a vida deles”.
Acrescenta que os mais velhos querem se sentir produtivos, integrados na sociedade e interagir com outras pessoas, não importa a idade. Isso era muito claro antes da pandemia – estavam muito presentes nas filas de bancos, restaurantes, etc.
“Aí vem a pandemia”, pontua Fabio Nogueira. “Além de nos manter a todos em cárcere privado, a pandemia estampou na testa de toda pessoa mais velha a expressão ‘grupo de risco’. Risco para nós mesmos, risco para os outros. Eu, pessoalmente, acredito que as pessoas mais velhas vão sair dessa crise um tanto traumatizadas, mesmo que venhamos a ter uma vacina efetiva. Então a pandemia empurrou as pessoas para dentro de casa, para a solidão. E isso vai demorar muito tempo para ser superado”, acredita.
O segundo problema diz respeito às cidades. Mesmo antes da pandemia, já se discutia o padrão funcional das cidades, adequado à população crescente de mais velhos e a todo mundo. “Com a pandemia e o confinamento, verificamos que é a cidade que vai para a casa do indivíduo. Ele faz tudo de casa. Porém, é preciso pensar no tipo de cidade que será entregue aos mais velhos, quando a pandemia estiver debelada”, conclui Fabio Nogueira.
O moderador, Latif Abrão Jr., em seus comentários finais, diz que “a questão demográfica está muito longe de ser uma prioridade no Brasil. Os políticos e os administradores não estão nem aí com essa questão. Por esse motivo, o trabalho de divulgação, como esse feito nessa Live, deve ser repetido. A questão demográfica é muito relevante e pouco percebida como tal”. Acrescenta que sociedade precisa aprender a perguntar, aos mais velhos, o que é que eles querem. Afinal, rapidamente vão se tornar a maioria.
Ao final do evento, com saudação de Faveco Correa, decano conselheiro da ADVB, o tradicional certificado de palestrante foi entregue a Nilton Molina, que agradeceu alegremente, afirmando adicionar com orgulho à sua coleção, uma vez que já havia recebido o primeiro, por sua palestra em FTN de abril de 2016.
Assista a seguir a live na integra com Nilton Molina.