HomeARTIGODa F1 ao verão: a obrigação de cada um, por Vinícius Lummertz

Da F1 ao verão: a obrigação de cada um, por Vinícius Lummertz

Não vai ser só F1: vai dar praia, vamos ter Natal em família, reunião com os amigos, mas teremos de nos acostumar aos testes do cotonete e ao furinho na ponta do dedo.

*Artigo de Vinícius Lummertz, publicado no portal IG, dia 18 de agosto de 2021. 

Vinícius Lummertz

Escrevo esta coluna ainda sob a emoção de estar ao lado do governador João Doria nesta segunda-feira (16) para anunciar o GP São Paulo de F1 para o mês de novembro, com 100% de público em Interlagos. Será o primeiro grande evento do país desde março de 2020, quando a pandemia foi declarada pela OMS – e isso tem todo o significado para a economia, mas especialmente para Turismo e Viagens. E não vou me furtar de repetir, porque é justo: tudo isso só é possível porque João Doria foi buscar as vacinas e obrigou o presidente Jair Bolsonaro a ceder no seu negacionismo. Aliás, até convidou-o para Interlagos, desde que vacinado e com máscara.

A estimativa é que a chegada da F1 também reaqueça a economia e gere empregos, colocando a Capital paulista como vitrine a uma imensidão de turistas. Um impacto econômico na cidade de mais de R$ 700 milhões, com mais de R$ 120 milhões em impostos, gerando 8 mil postos de trabalho. Porque turismo faz isto: 76% dos que virão a São Paulo serão turistas, que consumirão museus, parques, gastronomia, compras, entretenimento, bares, casas noturnas.

Mais do que isso: transmissão para 200 países, audiência acumulada de 2 bilhões de pessoas, 500 milhões de fãs do mundo, mostrando a cara de um Brasil vacinado, um Brasil que funciona, um Brasil que nos orgulha. A vontade de viajar, trocar experiências, matar as saudades de estar com gente de todo o país e do mundo, é tanta que há um recorde de vendas. Nunca se vendeu ingressos tão rapidamente: em uma semana acaba o que se levava seis meses para esgotar.

Porém, nem tudo são flores. Precisamos compreender que, como turistas vacinados, vamos experimentar uma relação inédita com os protocolos sanitários. Se por um lado, a vacina reduziu as mortes e as internações por Covid-19, a presença do vírus ainda é muito forte. A ciência tem nos ajudado a superar o momento duro de confinamento. Não vai ser só F1: vai dar praia, vamos ter Natal em família, reunião com os amigos, mas teremos de nos acostumar aos testes do cotonete e ao furinho na ponta do dedo. No entanto, definitivamente, não estaremos livres da máscara nem do álcool gel tão cedo.

Nesse contexto de avanço sustentável, ancorado nos protocolos e no aprendizado de mais de 15 meses, o país deve experimentar uma explosão de reservas no segundo semestre. Há uma poupança de quarentena estimada em mais de R$ 20 bilhões apenas em São Paulo, na iminência de desaguar em viagens por todo o país, estimulando, inclusive, o turismo no próprio estado, segundo estudo da Secretaria que comando no estado de São Paulo, a de Turismo e Viagens.

No ranking de desejos da população, viajar está lá no topo, de modo que, embarcar para um novo destino, hoje, tem mais valor do que trocar de carro ou renovar o guarda-roupa. No imaginário coletivo, resgatar as perdas dolorosas da quarentena, como uma singela caminhada na praia, ganhou o status de presente do ano. Chegamos ao ponto de inflexão: como construir este novo mundo sem retroceder? Precisamos de um pacto coletivo, não há outra saída, é necessário fecharmos um acordo enquanto sociedade para recuperar o nosso direito de viajar. Cidadão não vacinado, que não testa e não cumpre as regras de distanciamento, expõe toda a sociedade ao risco.

Em outras palavras, não há qualquer justificativa ética ou linha filosófica que dê ganho de causa à liberdade individual se, na outra ponta, está o interesse coletivo. Tomar a vacina não é uma obrigação do cidadão, como sabemos; na verdade, é mais do que isso, é um compromisso com a sociedade. Não podemos nos esquecer: lidamos com o risco de novas variantes, ainda mais contagiosas, que fizeram recuar até os países mais avançados na imunização.

A exemplo do passaporte de vacinação europeu, exigido dos cidadãos que circulam pelos países do bloco, resgatar o direito à mobilidade pressupõe uma rotina cansativa, mas necessária, de testes e  vacina atualizada. Se você quer ir na F1 ou viajar nas férias, faça a sua parte e convença os que você conhece a fazerem o mesmo. Não há nada que nos impeça de avançar e acumular, pouco a pouco, novas conquistas. Só nós mesmos. Cuide-se, e boa viagem.

Vinicius Lummertz – Secretário de Turismo e Viagens do Estado de São Paulo e ex-ministro do Turismo

DEIXE SEU COMENTÁRIO

Please enter your comment!
Please enter your name here

RELATED ARTICLES